terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pinto Caricato

Piripiri é um verdadeiro tablado a céu aberto. Daí a quantidade de humoristas que a cidade dá ao Piauí. João Cláudio, Amauri Jucá, Dirceu Andrade são crias de lá. Até o Benício Bem, que canta até embaixo da ponte, tem se arriscado no ofício, numa lambujem de suas performances musicais. Mas há outra peculiaridade daquela abençoada terra: lá ocorre o corte espacial do dito popular – reforçado cientificamente – de que os opostos se atraem. Os contrários, os adversos, os avessos escolheram Piripiri como estada. Lá, que é norte, tem a matriz da Casas do Sul. Há um cidadão de alcunha Gavião que pertence à mesma família do Pinto (deputado Dr. Pinto). E há um Pinto – ex-volante do 4 de Julho, do River, do Ferroviário-CE - que é defensor ferrenho e amigo pessoal do Gavião (codinome falconiforme utilizado pelo grupo de Luiz Meneses para denominá-lo e amedrontar o rival galináceo). Pois bem. Pinto não foi muito privilegiado pelos traços da beleza, e talvez seja esse o real motivo de seu apelido. Magricela, zambeta, calvo. Bem distante de um David Beckham. Tais características atrapalharam inclusive a carreira do atleta. Reza a lenda que o esportista piripiriense foi contratado pelo Ferroviário do Ceará. Chegando a Fortaleza, ficou alojado no próprio clube, na Barra do Ceará. Fazia todas as refeições na sede do time. Aliás, quase todas. O cozinheiro era gay e tinha uma certa queda pelos jogadores mais robustos. Isso vinha à tona principalmente na hora das refeições. O “Chef” saía de quarto em quarto, batendo à porta, convidando os “menudos” para o rango. Já Pinto... Bom, ele sempre esquecia o pobre Pinto. Passava totalmente alheio ao AP do jogador, que quando sabia da notícia pelos colegas, que já voltavam do almoço, tinha de satisfazer sua fome com costelas, pescoços e pés de frango. Pinto veio embora. Voltou pra casa uma caricatura. Nem a mulher conheceu.

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