sábado, 28 de novembro de 2009

O Rambo das Árvores


As donas de casa que residem na zona norte de Teresina já devem tê-lo conhecido. Ele circula pelas ruas do Marquês, do Centro, do Aeroporto, do Mafuá, do Por Enquanto, Cabral, Vila Operária e adjacências. Veste-se todos os dias para uma guerra imaginária. Traz consigo os apetrechos necessários: cordas, cinto, facas e um machado niquelado que mais parece uma bazuca. Aliás, ele o carrega como uma arma de grosso calibre. Não anda, marcha. Não vive, sonha. Todos o conhecem como Rambo. E é assim que ele quer ser chamado. Mas, contrário do herói homônimo de Sylvester Stallone, que trucida exércitos sozinho, usando uma metralhadora de munição contínua, o Rambo de Teresina não dispara um só tiro. Ele quebra galhos. Exatamente, o nosso personagem é um... Podador de Árvores. É esta a serventia do martelo niquelado, das cordas, do cinto, da faca de Rambo. Se a vida imita o vídeo, o nosso Don Quixote levou muito a sério a sedução da cinematografia norte-americana. Ficou aprisionado na tela. Não desligou após o filme. Não deu o necessário desconto. Luta contra besouros e percevejos camuflados de verde, como se estes fossem tanques e helicópteros vietnamitas. Imagina uma batalha urbana em que os inimigos se escondem nas árvores. Ou mesmo são elas próprias. E, assim, extirpa obstáculos e, se sobrar um bom soldo pelo serviço, melhor ainda. A exemplo do Rambo do Cinema, o Rambo de Teresina tem um destino errante e incerto. Os seus inimigos não dão trégua. Regeneram-se. Ressurgem. Revitalizam-se todos os dias. São férteis como a mente midiática de seu algoz. Eis uma briga boa.

2 comentários:

Dennis Sampaio disse...

Soube da criação do blog através de um colunista e não pude deixar de conferir esse trabalho. Eu sei bem como é essa agonia de viver dividido entre o direito e o jornalismo. Parabéns pelas crônicas. Sucesso e que esse blog diminua sua angústia pela "separação parcial" com o jornalismo. Abraço, Dennis Sampaio

Ploc, o Rei disse...

Crônicas excelentes. Como você tá nessa eterna dúvida entre direito e jornalismo, vira escritor. Tem talento para isso. Abraços