sábado, 14 de novembro de 2009

O Bandido da Hora


A revista Isto É da semana que hoje termina enfoca o bandido da vez no Brasil. Trata-se de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da organização criminosa “Primeiro Comando da Capital”, o PCC. Nosso país tem o histórico de adorar criminosos. Para camuflar a índole dos contestáveis ídolos, usamos do artifício romântico do “bandido social”. Ou seja: aquele cara cujos terríveis feitos são amenizados pela vitimização, por supostas agruras que o sujeito sofreu, do Estado ou do próprio destino, na formação de seu caráter. Misturam-se a isso pitadas de elementos teoricamente contraditórios a um comportamento marginal, tais como dotes artísticos, senso de justiça, charme, sedução, beleza. Pronto: está montado o novo antagonista nacional. Foi assim com Cabeleira, com Lampião, com Leonardo Pareja e, agora, com Marcola. Cabeleira seduzia mulheres com a mesma naturalidade que matava homens. Virgulino esfolava vivo, mas distribuía dinheiro aos pobres, tocava fole, compunha música e costurava. Pareja falava três idiomas, tocava piano e se vestia com grifes. Marcola lê Dostoievski, Victor Hugo, Nietzsche e namora advogadas. Não se sabe ao certo se tal ascendência marginal dá-se por méritos, de fato, das tristes figuras ou por ausência de um herói tupiniquim. Ocorre que hoje não há créditos para Homens-Aranha, Hulks, Supermouses ou outras abstrações do tipo. O super-herói de hoje é o Estado Forte. Como não há no Brasil, os estados paralelos, como o instituído pelo tráfico de drogas, vai pontuando seus ícones. E o pior: formando novos seguidores. Santa Desgraceira, Batman!

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