quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O respeito na padiola

Não será por conta do bairrismo que marca todo piripiriense que eu hoje citarei o nome de minha cidade neste espaço. Desta feita, a coisa é mais grave. Confundir uma hérnia com uma tireóide só perde em gravidade para confundir dois pacientes mirins, deitados em uma maca, esperando o bisturi. Foi o que ocorreu à menor F.R.C.S, de 3 anos, no Hospital Regional Chagas Rodrigues, em Piripiri. Eu tenho um filho de dois anos. Ele se chama Raul. Até o nascimento dele, a palavra sensibilidade não tinha o peso que tem hoje. Sensibilidade do tipo que o sujeito se contorce com a dor física de uma mísera injeção que se aplica em outrem. Pois bem. Contorci-me com todas as injeções que perfuraram o meu pequeno Raul. E não sei como reagiria se ele tivesse de se submeter a uma incisão, por menor que fosse. Inevitável não imaginar como se sentem os pais (carentes) de uma menina de três anos (carente) que, entregue a um médico, perde a tireóide para a negligência. Agora a pergunta que não quer calar: quem pagará pela imperdoável mancada? Quem amparará a família prejudicada? Por quanto tempo resistirá a nossa indignação pelo triste fato? Embrenhando-se pelo problema, constatamos que o nascedouro dele é o mesmo de outras nódoas públicas: o desrespeito ao ser humano, que vai desde a falta de aparato técnico do Estado (aqui dito como instituição: União, Estados e Municípios) até a falta de afinco na hora de formar os profissionais que prestarão serviços à sociedade. Tudo isso agravado pela politicagem, a politicalha, a política canalha. Não custa lembrar que em Piripiri emprego para médico tem sido oferecido, segundo o Secretário de Segurança do Piauí, até pela justificativa de apoio eleitoral para políticos de lá. Uma triste cena que, infelizmente, tem como maior prejudicado o pobre infeliz.

Nenhum comentário: