sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Mateus, ao menos o teu

Escrevi o último post na véspera de Natal. Não há quem produza da mesma maneira quando as festas de final de ano se aproximam. Algo estranho nos acontece. Há quem fique mais religioso, outros mais reflexivos, sem falar nos que, nesta época, expelem amabilidade e doçura por todos os poros. Como se o bem tivesse data pra ser feito. Eu, no Natal, fico mais deprimido. Não sei se afetado pela leitura que faço da campanha desenfreada do comércio, estimulando todos a comprar. Só me vêm à cabeça os que não têm um algum sequer para um bife na noite do dia 24. Ou mesmo as pobres crianças que se frustram ao levantar da cama, pela manhã, e não encontram o tão anunciado presente deixado pelo lendário Noel. Como refém midiático, este ano eu também me rendi ao sistema. Doei um presente a um menino pobre, de nome Mateus, na véspera de Natal. Fui solidário por um dia. Minha mãe foi quem indicou o guri. Um moleque, que mora numa vacaria, cujo maior sonho era um carro com controle remoto. Comprei o mimo numa barraca do Paraguai. Fui deixar em mãos. O bambino não conteve as lágrimas ao ver o presente. Foi tanta emoção que ele largou o carro de lado para abraçar minha mãe. Aí choramos todos. Eu, minha mãe e o pequeno. Ele, de emoção. Minha mãe, de compaixão. Eu, de peso na consciência. Custa tão pouco protagonizar felicidades diárias que não se justifica fazê-las apenas uma vez por ano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu me emociono com seus textos.Lindos e bem escritos como sempre.
Hildeny Medeiros